Um ônibus. Um carro azul. Muitas vidas. Várias manhãs. Inúmeras tardes. Milhões de noites. Muitas histórias. Um ônibus cheio e com muitos sonhos na cabeça de cada passageiro que por ali passa.Começando, sempre que vou para o ponto de ônibus, vejo um menino que estuda em algum colégio perto da minha faculdade. Ele é a minha segurança que por ali o carro azul ainda não passou, pois ele sempre chega no ponto antes de mim. Portanto, sempre que eu o vejo parado lá, sei que não estou atrasada. Tem também neste mesmo lugar, um outro cara que está sempre bem arrumado para o trabalho e que fica andando para todos os lados, com medo de o ônibus atrasar. Engraçado ele.
No primeiro dia que entrei nesse ônibus, fiquei com um pouco de medo de não descer no lugar certo, de não parar perto da faculdade e eu não encontrar o caminho certo para chegar até lá. Mas aí encontrei uma menina e o mais engraçado é que a gente conversa, às vezes, e até hoje não sei seu nome. Mas foi ela quem me levou até a minha faculdade e até a minha sala. Uma importante guia.
O itinerário do meu ônibus é grande, dá muitas voltas e para chegar na faculdade, demoro no mínimo uma meia hora. Quando a gente passa pela Praça da Liberdade, sinto que todo mundo lá é atleta. Têm várias pessoas correndo e fazendo caminhadas. Na passagem pela Praça Sete, no Centro, é uma loucura. Todo mundo vende tudo.
E as pessoas que eu sempre vejo ali? Pessoas muito diferentes umas das outras. Quase sempre tem dois meninos que estudam na UNI-BH também e vão conversando sobre tudo dentro do ônibus: futebol, faculdade, ‘’Big Brother’’, etc. Um desses meninos sempre entra no carro azul de fone de ouvido e óculos escuros. Foi até ele que no mesmo dia em que eu atrasei, ele fez o mesmo. Até assustei na hora mas depois achei engraçado. O outro tinha uma barba gigante e no dia em que ele chegou lá sem ela, foi um susto. Pessoas que parecem ser divertidas.
Há também, uma menina de cabelo enorme. Outra com estilo super-hippie e muito interessante. Uma moça que vive reclamando que o ônibus está atrasado e ela até já ligou pros organizadores da linha, para solucionarem o problema. Até que agora ela anda mais satisfeita, parece.
Outro dia, eu estava do lado de uma moça e ela foi a protagonista de um episódio muito interessante. Ela ligou pra uma amiga e foi falando toda a sua vida no celular. O cobrador estava na sua frente escutando tudo, eu também e vários passageiros ao lado. Mas ela nem estava se importando.
E por falar em cobrador. Cada um tem seu estilo. Tem um muito simpático que conversa como todo mundo e sempre está lá ajudando os que estão perdidos. Outro super-invocado, que usa óculos escuros, ouve mp3 e ainda lê revista. Ainda tem um meio estranho que olha para os passageiros de uma forma nada agradável.
Agora estou fazendo espanhol e é este mesmo ônibus que eu pego para fazer meu curso. Como comecei faz pouco tempo, ainda não sabia muito bem chegar no lugar. Porque pára num certo ponto, mas eu tenho que andar ainda uns três quarteirões. Então, um dia, na volta fiz confusão e quase que peguei o ônibus no sentido errado. Quase que paro do outro lado. Inexperiência de iniciante.
Eu, às vezes, fico viajando nos meus pensamentos e esqueço de tudo o que está perto de mim. É, e quando percebo o ônibus já está lotado. Quando volto pra minha realidade, me dou conta que por ali, passam pessoas diversificadas. Cada passageiro com um objetivo diferente na vida. Muita diversidade.
Um ônibus. Um carro azul. Muitas vidas. Várias manhãs. Inúmeras tardes. Milhões de noites. Muitas e muitas histórias. E eu, ali, participando dessa jornada interessante que faz parte da minha vida constantemente.
